Amados e queridos crismados,
12 de março de 2011: inicia-se a preparação para a crisma em São Gerardo. Vocês, que hoje já estão tão familiarizados conosco, com essa igreja, com essa paróquia, com esse ambiente, chegavam, cheios de expectativa e de ansiedade, para saberem o que lhes esperavam.
Naquele dia, pudemos sentir um pouco de vossos corações, de vossas esperanças, de vossas almas. Inauguramos com a apresentação de uma peça da banda americana Lifehouse`s, que trata do drama da tentação, do pecado, da graça, da conversão.
Aplausos sinceros. Lágrimas contidas nos olhos de alguns de vocês. Era a nossa vez de entrarmos: dissemo-lhes que o drama daquela peça deveria ser o retrato da preparação para a crisma: um momento de graça, de fortalecimento, de conversão.
E o ano foi passando. Encontros, adorações, formações foram fazendo parte dos sábados de vocês- e da vida de todos nós.
Durante todo este ano, tentamos levar a vocês a alegria de ser cristão, a felicidade de ser católico, a graça de sermos jovens de coração, mostrando que nada neste mundo se compara a felicidade de estarmos com Cristo, de sermos dEle, provando que, ao contrário do que o Mundo pensa, a presença de Deus em nossas vida, em nossa juventude não a destrói, mas sim a purifica, eleva-a, ilumina-a, enche-a de luz e de vida.
Apesar de todas as nossas limitações, de todas nossas falhas, de todos nossos erros, como humanos pobres e pecadores que somos, pudemos ver a graça de Deus atuando em vocês, amados crismados. Pudemos ver a presença d’Ele quando alguns de vocês nos confessavam que a crisma mudara suas vidas; quando se aproximavam de nós chorando; quando confidenciavam a nós suas vidas, suas histórias, seus sonhos... Creio que conseguimos, com vários de vocês, atingir um de nossos objetivos: não sermos apenas seus catequistas, mas sim seus amigos, seus irmãos em Cristo.
Sim, amizades construímos, bem querer nós repartimos. A luta foi difícil. Dificuldades não faltaram ao longo do ano, entretanto foram superadas, já que o amor transpõe todas as barreiras que insistimos em colocar. Nisso tudo, sou testemunha do empenho e dedicação dos catequistas, que se fizeram tudo para todos, a fim de ganhar todos para Cristo.
Amados, ao deitarmos nossos olhos na História, podemos ver que a vaidade de muitos homens não terminou com a vida: ultrapassou os umbrais da morte. Quantos homens e mulheres sacrificaram suas vidas, suas fortunas, suas dignidades só para serem lembrados por muito tempo? Faraós sacrificavam a vida de milhares de escravos para lhes fazer um túmulo digno: pirâmides colossais que os fariam gloriosos por muitos séculos.
Entretanto, nesta vida, de nada importa as marcas que deixamos nas pedras. A única coisa que verdadeiramente importa são as marcas que deixamos nos corações daqueles que encontramos pelas estradas da vida. Há um escritor francês, que diz em um de seus versos que cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa só. Deixa um pouco de si, leva um pouco de nós. E complementa: essa é a grande responsabilidade de nossas vidas e a prova de que duas almas não se encontram por acaso.
E é o que realmente esperamos: termos deixado, desse nosso encontro, boas marcas nos vossos corações. Os sorrisos, as lágrimas, as brincadeiras, as conversas, as lembranças, tudo vai embora- tudo é levado pelo tempo. A única esperança que nos resta são as marcas- deixadas nos corações, nas almas, na vida.
Alguns de vocês inicialmente tinham o tolo costume de nos chamar de professores.
Para mim, catequese é vida. E, na vida, todos somos alunos. Acredito piamente que nós somos moldados pelas pessoas que nós encontramos na estrada da vida. A vida é a arte dos encontros. Todos nós temos um pouco das pessoas que fizeram e fazem parte de nossa história. Esperamos que do nosso encontro fique algo bom de nós em vocês, pois tenham a certeza que fica muito de vocês em nós.
Lembro-me que, ainda no semestre passado, uma crismanda me pediu para não falar de hoje, o dia da celebração, pois isso a fazia lembrar que chegaria ao fim. Mas isso não é para ser o fim. Muito contrário: é para ser o começo, um novo começo.
Conta-se que, quando Fernando Cortez, desembarcou em terras americanas para conquistá-las para a Coroa Espanhola, ordenou que todos seus soldados ficassem enfileirados e então lhes perguntou se havia alguém que gostaria de voltar. Ninguém se manifestou. Então, deu uma tremenda ordem: “queimem os navios, agora é lutar ou morrer’’.
Crismados, a partir de hoje, no dia em que vocês, diante de Deus e de todos os presentes, proclamaram ‘’Creio’’ e disseram ‘’Renuncio’’ se tornaram, de forma especial, soldados de Cristo. Agora, é lutar pela vida da graça ou morrer na lama do pecado. Hoje não é o fim, é um novo começo.
Meus caros, todos são convidados a permanecerem juntos nas diversas atividades paroquianas. Esperamos ver o rosto de vocês continuamente aqui, seja nas missas, no EJC, na PJ, nas diversas pastorais e movimentos.
Mas nossa maior alegria é a expectativa do reencontro pleno no Céu. Da virtude, o próprio Deus será a recompensa. Então, O louvaremos sem fim, O amaremos sem saciedade, O contemplaremos sem cansaço. Repleto d’Ele por inteiro, nossa vida será verdadeira. Por isso, não ousaremos dar a vocês, mesmo como conjunto de crismados, o nosso Adeus. Diremos apenas Até Logo.
Por fim, só mais duas coisinhas: desculpem-nos por qualquer coisa- e obrigado por tudo!
